segunda-feira, 4 de julho de 2011

Avaliação de especialidades



Como definir a forma de avaliação das especialidades no clube? Qual é a melhor forma de avaliar uma especialidade? Prova? Trabalho? Apresentação? Questionários? Outros? E como elaborar essas avaliações? Essas são perguntas muito importantes e que precisam ser bem respondidas.

O primeiro ponto que precisamos ter em mente é que as avaliações, além de servir para medir o aprendizado, também são importantes ferramentas desse processo. Ou seja, a forma que vamos escolher para avaliar a especialidade deve ajudar no aprendizado dela. Além disso, as avaliações não devem ser vistas como ameaça, isso prejudica o desempenho.

Como a avaliação também objetiva o aprendizado, devemos pensar nos desbravadores ao escolher a forma de avaliação e ao elaborar a avaliação. Nada de aplicar sempre o mesmo tipo de avaliação, só mudando as questões. Cada grupo é único, então deve ter uma avaliação pensada exclusivamente para ele.

O segundo ponto que precisamos pensar é no equilíbrio entre teoria e prática na especialidade e na avaliação. Especialidades com mais requisitos teóricos devem ter maior peso teórico na avaliação. Especialidades com mais requisitos práticos devem ter avaliações com maior peso na parte prática. O que não pode ser feito é desprezar uma das partes (teórica ou prática), por julgar que ela seja pequena na especialidade.

Todas as formas de avaliação têm suas peculiaridades. Vamos falar brevemente sobre algumas das formas mais comuns de avaliação que podemos utilizar no clube.


Prova objetiva
definiçãoSérie de perguntas diretas, para respostas curtas, com apenas uma solução possível
funçãoAvaliar quanto o aluno apreendeu sobre dados singulares e específicos do conteúdo
vantagensÉ familiar às crianças, simples de preparar e de responder e pode abranger grande parte do exposto em sala de aula
atençãoPode ser respondida ao acaso ou de memória e sua análise não permite constatar quanto o aluno adquiriu de conhecimento
planejamentoSelecione os conteúdos para elaborar as questões e faça as chaves de correção; elabore as instruções sobre a maneira adequada de responder às perguntas
análiseDefina o valor de cada questão e multiplique-o pelo número de respostas corretas
como utilizar as informaçõesListe os conteúdos que os alunos precisam memorizar; ensine estratégias que facilitem associações, como listas agrupadas por idéias, relações com elementos gráficos e ligações com conteúdos já assimilados


Prova dissertativa
definiçãoSérie de perguntas que exijam capacidade de estabelecer relações, resumir, analisar e julgar
funçãoVerificar a capacidade de analisar o problema central, abstrair fatos, formular idéias e redigi-las
vantagensO aluno tem liberdade para expor os pensamentos, mostrando habilidades de organização, interpretação e expressão
atençãoNão mede o domínio do conhecimento, cobre amostra pequena do conteúdo e não permite amostragem
planejamentoElabore poucas questões e dê tempo suficiente para que os alunos possam pensar e sistematizar seus pensamentos
análiseDefina o valor de cada pergunta e atribua pesos a clareza das idéias, para a capacidade de argumentação e conclusão e a apresentação da prova
como utilizar as informaçõesSe o desempenho não for satisfatório, crie experiências e motivações que permitam ao aluno chegar à formação dos conceitos mais importantes


Seminário
definiçãoExposição oral para um público leigo, utilizando a fala e materiais de apoio adequados ao assunto
funçãoPossibilitar a transmissão verbal das informações pesquisadas de forma eficaz
vantagensContribui para a aprendizagem do ouvinte e do expositor, exige pesquisa, planejamento e organização das informações; desenvolve a oralidade em público
atençãoConheça as características pessoais de cada aluno para evitar comparações na apresentação de um tímido ou outro desinibido
planejamentoAjude na delimitação do tema, forneça bibliografia e fontes de pesquisa, esclareça os procedimentos apropriados de apresentação; defina a duração e a data da apresentação; solicite relatório individual de todos os alunos
análiseAtribua pesos à abertura, ao desenvolvimento do tema, aos materiais utilizados e à conclusão. Estimule a classe a fazer perguntas e emitir opiniões
como utilizar as informaçõesCaso a apresentação não tenha sido satisfatória, planeje atividades específicas que possam auxiliar no desenvolvimento dos objetivos não atingidos


Trabalho em grupo
definiçãoAtividades de natureza diversa (escrita, oral, gráfica, corporal etc) realizadas coletivamente
funçãoDesenvolver o espírito colaborativo e a socialização
vantagensPossibilita o trabalho organizado em classes numerosas e a abrangência de diversos conteúdos em caso de escassez de tempo
atençãoConheça as características pessoais de cada aluno para evitar comparações na apresentação de um tímido ou outro desinibido
planejamentoProponha uma série de atividades relacionadas ao conteúdo a ser trabalhado, forneça fontes de pesquisa, ensine os procedimentos necessários e indique os materiais básicos para a consecução dos objetivos
análiseObserve se houve participação de todos e colaboração entre os colegas, atribua valores às diversas etapas do processo e ao produto final
como utilizar as informaçõesEm caso de haver problemas de socialização, organize jogos e atividades em que a colaboração seja o elemento principal


Debate
definiçãoDiscussão em que os alunos expõem seus pontos de vista a respeito de assunto polêmico
funçãoAprender a defender uma opinião fundamentando-a em argumentos convincentes
vantagensDesenvolve a habilidade de argumentação e a oralidade; faz com que o aluno aprenda a escutar com um propósito
atençãoComo mediador, dê chance de participação a todos e não tente apontar vencedores, pois em um debate deve-se priorizar o fluxo de informações entre as pessoas
planejamentoDefina o tema, oriente a pesquisa prévia, combine com os alunos o tempo, as regras e os procedimentos; mostre exemplos de bons debates. No final, peça relatórios que contenham os pontos discutidos. Se possível, filme a discussão para análise posterior
análiseEstabeleça pesos para a pertinência da intervenção, a adequação do uso da palavra e a obediência às regras combinadas
como utilizar as informaçõesCrie outros debates em grupos menores; analise o filme e aponte as deficiências e os momentos positivos


Relatório individual
definiçãoTexto produzido pelo aluno depois de atividades práticas ou projetos temáticos
funçãoAveriguar se o aluno adquiriu conhecimento e se conhece estruturas de texto
vantagensÉ possível avaliar o real nível de apreensão de conteúdos depois de atividades coletivas ou individuais
atençãoEvite julgar a opinião do aluno
planejamentoDefina o tema e oriente a turma sobre a estrutura apropriada (introdução, desenvolvimento, conclusão e outros itens que julgar necessários, dependendo da extensão do trabalho); o melhor modo de apresentação e o tamanho aproximado
análiseEstabeleça pesos para cada item que for avaliado (estrutura do texto, gramática, apresentação)
como utilizar as informaçõesSó se aprende a escrever escrevendo. Caso algum aluno apresente dificuldade em itens essenciais, crie atividades específicas, indique bons livros e solicite mais trabalhos escritos


Autoavaliação
definiçãoAnálise oral ou por escrito, em formato livre, que o aluno faz do próprio processo de aprendizagem
funçãoFazer o aluno adquirir capacidade de analisar suas aptidões e atitudes, pontos fortes e fracos
vantagensO aluno torna-se sujeito do processo de aprendizagem, adquire responsabilidade sobre ele, aprende a enfrentar limitações e a aperfeiçoar potencialidades
atençãoO aluno só se abrirá se sentir que há um clima de confiança entre o professor e ele e que esse instrumento será usado para ajudá-lo a aprender
planejamentoForneça ao aluno um roteiro de auto-avaliação, definindo as áreas sobre as quais você gostaria que ele discorresse; liste habilidades e comportamentos e peça para ele indicar aquelas em que se considera apto e aquelas em que precisa de reforço
análiseUse esse documento ou depoimento como uma das principais fontes para o planejamento dos próximos conteúdos
como utilizar as informaçõesAo tomar conhecimento das necessidades do aluno, sugira atividades individuais ou em grupo para ajudá-lo a superar as dificuldades

Depois de escolher o tipo (ou os tipos) de avaliação que vai ser utilizada na especialidade, é hora de elaborar a avaliação. Para isso, temos algumas dicas que para nos ajudar nesse processo muitas vezes complicado.
  • Sempre elabore as questões de acordo com o que foi passado em aula e não apenas de acordo com o plano de aula. Alguns pontos podem ser esquecidos na aula e outros podem ser melhor explorados no momento da aula. Para isso, pode-se pegar emprestado as anotações de algum desbravador.
  • As regras e orientações da avaliação devem sempre estar claras. A criança pode errar na avaliação por não haver orientações claras sobre o que se pedia e não por falta de conhecimento do conteúdo.
  • As questões devem ser objetivas, seja claro no que é pedido. Exclua termos como "comente", "disserte", "o que você acha?". Usando termos assim, nem a criança e nem você saberão exatamente o que é a resposta certa, dificultando avaliação e correção.
  • Os enunciados devem ser claros. Não utilize termos que possam dificultar a compreensão e/ou comprometer o entendimento. Só use "palavras difíceis" se elas forem o objeto da avaliação.
  • O tempo deve ser pensado também. Juvenis e adolescentes não mantém a concentração em uma coisa por muito tempo, evite longas provas.
  • Pense no espaço para as respostas, assim se evita papéis e anexos em excesso. A criança pode esquecer de responder uma questão por não haver espaço. Você também pode corrigir alguma questão incompletamente, pois a resposta estava dividida em dois lugares pela falta de espaço.
Uma dica que pode ajudar bastante a verificar se a avaliação foi bem elaborada é a chamada oficina de prova. Após elaborar a avaliação, passe-a para outras pessoas que conheçam a especialidade e a turma a ser avaliada (pode-se passar as anotações das crianças para as pessoas). Eles deverão ler a avaliação e verificar o seguinte:
  • As perguntas se justificam diante do que o professor quer saber?
  • As questões estão claras?
  • Há espaço para as respostas?
  • As orientações estão adequadas? 
Então eles devolvem a avaliação a quem elaborou com observações e sugestões de pontos a melhorar. Pode-se repetir o processo até que a avaliação esteja no nível desejada.

Para os que preferem provas, aqui está uma "receitinha" com algumas dicas de como elaborar uma prova equilibrada.
  • 25% questões "fáceis";
  • 50% questões "médias"; 
  • 25% questões “difíceis”. 
Com esse critério:
  • Só os "muito bons" vão conseguir a nota máxima;
  • A maioria vai conseguir a nota "média";
  • Ninguém se sentirá desestimulado por encarar uma prova impossível.
Vantagens de uma prova equilibrada:
  • Mesmo os mais fracos conseguem uma nota diferente do desagradável zero;
  • A maioria conseguirá a nota intermediária (a média);
  • Só os destaques da classe atingem a nota máxima, valorizando o esforço deles.
Obs.: por questões difíceis entenda questões que exijam raciocínio e não apenas “decoreba”. Não entram também cobranças além do que foi ensinado.

O texto Elaboração de provas objetivas, de Nelcy Ramos, apresenta alguns princípios básicos para elaboração de questões objetivas e os tipos de questões, além dos cuidados que devem ser tomados na elaboração de cada um dos tipos.

Para se aprofundar um pouco mais no assunto, recomendo a leitura por completo das fontes utilizadas para elaboração deste texto.

Fontes:
Blog Cantinho da Unidade

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