sábado, 12 de novembro de 2011

Devocional criativo, para a classe de Líder



Um dos motivos pelos quais eu gosto de trabalhar com as Classes, é porque com um só requisito trabalhamos várias áreas do conhecimento e várias habilidades. Um exemplo é: "Demonstrar o crescimento de sua liderança e habilidade no ensino, completando três dos seguintes requisitos: a. Desenvolver e conduzir três devocionais criativos".

Este requisito não pede apenas para o aspirante a líder fazer um devocional, desenvolvendo a sua espiritualidade e crescimento em Cristo. Isso está no pacote! Além disso, o devocional precisa ser criativo! Amigos, um pequeno comentário, cantar alguns hinos, ler uma meditação diferente e orar não é um devocional criativo, ok?!

Encenações são sempre uma boa opção para devocionais criativos, como a história de Jó nos tempos modernos. Semana passada eu estava fazendo a avaliação das classes em um Clube e quando eu fui pegar o meu velho manual de especialidades, vi que dentro dele tinha um rascunho. Fiquei muito feliz, foi um dos três devocionais que usei na minha pasta de líder. Ele foi elaborado juntamente com o nosso grande amigo Paulo Oliveira, enquanto ainda estávamos no ensino médio, rs.

A ideia foi apresentar um jornal, como se estivéssemos vivendo nos dias da morte e ressurreição de Cristo. Acompanhem:

(música de abertura de jornal)

(diminuir um pouco a música)

Âncora 1 – Olá, bom dia, eu sou […]
Âncora 2 – E eu sou […]
Âncora 1 – Estamos iniciando mais uma edição do Jornal Maranata.
Âncora 2 – Pois o Senhor logo vem.
Âncora 1 – Movimentação no Gólgota pede a crucifixão de um homem.
Âncora 2 – Duas pessoas morrem pisoteadas.
Âncora 1 – Hoje é domingo, dia xx de xx e estas são as notícias locais.

(terminar a música em som alto)

Âncora 1 – A semana começou turbulenta. Tudo começou sexta-feira. Apesar da preparação para o sábado estar no auge, uma multidão agitada fazia protestos nas ruas.
Âncora 2 – Agora vamos às imagens gravadas com o repórter […]
Repórter 1 – A agitação está terrível. Duas pessoas morreram pisoteadas, a multidão enfurecida grita pedindo a crucifixão de Jesus e que se solte Barrabás. Agora vamos entrevistar […], uma das moradoras que tem algumas considerações a fazer. Bom dia […].
Moradora – Bom dia. Esse Jesus deve ser crucificado imediatamente. Acredita que Ele diz ser o Filho de Deus?! Isso é uma blasfêmia.
Repórter 1 – Obrigado […]. A gritaria não pára, a população quer que Jesus seja crucificado antes do sábado. Aqui é o repórter […] para o Jornal Maranata (pausa), pois o Senhor logo vem.
Âncora 2 – Estes foram os protestos de sexta-feira e aproximadamente às 3 horas da tarde daquele mesmo dia, Ele foi crucificado. O interessante é que nessa mesma hora, o véu do santuário se rasgou ao meio e houve o terremoto mais forte dos últimos 2000 anos.
Âncora 1 – Alguns dizem ser a manifestação da natureza em decorrência da grande perda. Já outros dizem ser Deus enfurecido pela blasfêmia que esse homem dizia.
Âncora 2 – O sábado já foi bastante tranqüilo, não se ouvia muito falar nesse assunto. Mas hoje o dia começou agitado. Agora vamos ver o que está acontecendo no cemitério municipal com o repórter […]. Bom dia […].
Repórter 2 – Bom dia [âncora 1].
Âncora 1 – Como está o clima aí neste momento?
Repórter 2 – Olha [âncora 1], não está nada bom. Tem uma multidão enfurecida aqui, dizendo que roubaram o corpo de Jesus. Outros estão dizendo que ele ressuscitou. Vamos entrevistar Maria Madalena, que está aqui ao meu lado e chegou bem cedinho. Bom dia Maria.
Maria – Bom dia. Cheguei logo cedo para embalsamar o corpo de Jesus e quando cheguei, o túmulo estava aberto e seu corpo havia sumido. Então apareceu um homem de branco e me perguntou porque eu procurava dentre os mortos quem estava vivo! Então cheguei à conclusão que Ele havia ressuscitado.
Repórter 2 – Obrigado Maria. Vamos falar agora com um dos soldados que ficaram guardando o túmulo. Bom dia.
Soldado – (angustiado) Eu estava aqui quando veio uma multidão com tochas iluminando tudo, gritando e levaram o corpo de Jesus, para saírem por aí dizendo que ele ressuscitou.
Repórter 2 – Obrigado. O impasse está muito grande e parece que vai demorar acabar. Aqui é […] para o Jornal Maranata (pausa), pois o Senhor logo vem.
Âncora 1 – Obrigado [repórter 2]. Realmente este é um impasse muito grande e está em suas mãos a decisão de acreditar se Jesus vive e está no céu agora ou se jaz no esquecimento. Mas independente da sua escolha, saiba que Ele está a te esperar em qualquer momento que você quiser se abrir para ele.
Âncora 2 – Esta foi a sua primeira edição do Jornal Maranata.
Âncora 1 – Pois o Senhor logo vem.
Âncora 2 – Não percam a nossa próxima edição e tenham todos um bom dia.

(música de encerramento).

FONTE: CANTINHO DA UNIDADE

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Preservando a memória


“Pouco se sabe no Brasil, nos meios adventistas, sobre a disseminação da mensagem entre nosso povo. Pouco ou quase nada um membro da igreja pode relatar sobre a época em que a tríplice mensagem [referência a Apocalipse 14:6-10] raiou no Brasil, através do porto de Itajaí, em Santa Catarina. A triste realidade é que a igreja não teve meios para conservar sua memória histórica...” (Ivan Schmidt, José Amador dos Reis – Pastor e Pioneiro, p. 9). Enquanto pensava no tipo de projeto final que eu deveria fazer para alcançar o grau de bacharel em Jornalismo, concluindo assim os quatro anos de faculdade na Universidade Federal de Santa Catarina, deparei-me com o texto citado acima. “E por que não?” – disse para mim mesmo – “Por que não fazer uma reportagem sobre o início da obra da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil?”

Naquele momento, escolhi meu projeto. Os seis meses seguintes foram dedicados à pesquisa sobre pessoas e fatos que fizeram história no meio adventista mas que, infelizmente, em boa parte foram esquecidos.

Nos primeiros dois capítulos deste livro, fiz uma breve introdução de como teve início a história da Igreja Adventista no mundo. Em seguida, procurei contextualizar a chegada da mensagem no processo da colonização alemã no Vale do Itajaí-Mirim – berço do adventismo no Brasil. Para isso, tive de gastar bom tempo em pesquisas sobre o assunto, principalmente no Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim, em Brusque.

Como os fatos relatados (referentes à chegada do adventismo ao Brasil) ocorreram há mais de um século e, como já disse, poucos são os registros sobre eles, tive de contar principalmente com informações obtidas nas entrevistas com os parentes dos pioneiros – a maioria netos e bisnetos – e com os raros livros e artigos publicados em revistas denominacionais.

Passei horas agradáveis entrevistando pessoas e rememorando situações inspiradoras. Tive o prazer de caminhar por lugares históricos. Conheci a casa onde ficava o armazém de Davi Hort, local onde foi aberto o primeiro pacote de literatura adventista; o rio onde foram batizados os primeiros conversos; a primeira igreja adventista do sétimo dia no Brasil, no bucólico vale de Gaspar Alto; o púlpito de onde foram pregados os primeiros sermões no pequeno templo; a casa-dormitório dos estudantes da primeira Escola Missionária Adventista do Brasil e os cemitérios da Esperança (em Gaspar Alto, SC) e dos Pioneiros (na Fazenda Passos, RS), onde estão sepultados os pioneiros do movimento adventista.


Coletadas as informações, a questão agora era: Como escrever sobre tudo isso? Que estilo usar? Um texto bíblico do profeta Habacuque me deu a idéia. Ele, que viveu cerca de 600 anos antes de Cristo, conhecia as técnicas modernas de escrever melhor do que muitas pessoas, hoje: “Vou subir a minha torre de vigia e vou esperar com atenção o que Deus vai dizer e como vai responder à minha queixa. E o Deus Eterno disse: ‘Escreva em tábuas a visão que você vai ter, escreva com clareza o que vou lhe mostrar, para que possa ser lido com facilidade’” (Hb 2:1, 2).

O profeta se colocou num ponto estratégico: na torre de vigia. Um local onde, ao mesmo tempo em que se mantinha próximo a Deus, podia observar o que acontecia ao seu redor, o que falava o povo, quais as tendências sociais da época, para onde ia o rei...

“Para que possa ser lido com facilidade.” “Prender” o leitor o tempo suficiente para ler nossa mensagem é realmente um desafio. Era no tempo de Habacuque e é muito mais em nosso mundo agitado. Por isso, o escritor deve mobilizar recursos que envolvam o leitor e o façam prosseguir na leitura.

Como o simples relato cronológico dos eventos seria monótono, utilizei recursos próprios da literatura, como reconstituição de cenas e diálogos. Afinal, “em termos modernos, a literatura e o jornalismo são vasos comunicantes, são formas diferentes de um mesmo processo”, diz o crítico Boris Schnaiderman, citado no livro Páginas Ampliadas – O Livro Reportagem como Extensão do Jornalismo e da Literatura, p. 139.

No mesmo livro, à página 142, o autor Edvaldo Pereira Lima, jornalista, escritor e pesquisador, diz que “os norte-americanos aplicam o termo jornalismo literário para designar a narrativa jornalística que emprega recursos literários. Os espanhóis a denominam de periodismo informativo de creación. Esse emprego é necessário porque, para alcançar poder de mobilização do leitor e de retenção da leitura por sua parte, a narrativa de profundidade deve possuir qualidade literária”.

Apesar de o público alvo deste trabalho serem os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, pensei também nos possíveis leitores que não pertencem à igreja. Assim, encontraremos, por exemplo, um casal de alemães em Brusque “lendo” sobre a segunda vinda de Cristo e Roberto Fuckner “demonstrando” à esposa o porquê de ter-se decidido pela observância do quarto mandamento – o sábado – como dia sagrado.

Embora tenha procurado ser imparcial ao narrar os eventos – como deve procurar fazer todo jornalista –, admito que exalto com apaixonado entusiasmo a obra e os feitos realizados pelos pioneiros do movimento adventista. O leitor saberá compreender que o livro foi escrito por alguém que pertence ao movimento e defende sua filosofia e, por isso mesmo, não pretende divorciar-se de seus valores para atingir uma impossível perspectiva neutra.

Finalmente, os agradecimentos. Seria impossível mencionar todas as pessoas que, de forma direta ou indireta, contribuíram para que este trabalho fosse desenvolvido. Mesmo assim, não poderia deixar de agradecer às senhoras Paulina Gohr e Neli Bruns, a Augusto Alfredo Fuckner, Hilza Fuckner, Clara B. Hort, Henrique Carlos Kaercher e Herta Hort Kaercher, Marta Hort Rocha e Diomar Donato da Rocha, Eliseu Calson e Iria Calson (bondoso casal que me hospedou enquanto coletava dados em Gaspar Alto), Arnoldo Schirmer e Edith Belz Schirmer, Helmut Schirmer, Evaldo Belz (neto de Guilherme Belz), Edegardo Max Wuttke (o incansável pesquisador) e pastor Cláudio Belz (bisnetos de Guilherme Belz, que me franquearam seus arquivos de família e partilharam singelas recordações), Otto Kuchenbecker (responsável pelo Museu Histórico do Vale do Itajaí-Mirim, que me concedeu acesso aos arquivos do museu), Olinda Hort Schmitt, pastor Ivo Pieper (distrital de Jaraguá do Sul, na época), pastor José M. de Miranda (então distrital de Brusque) e sua esposa Rosemarie (por todo auxílio prestado na obtenção de informações na região de Brusque), Erich Olm (advogado da Divisão Sul-Americana) e ao seu pai Germano Willy Olm (neto de Augusto Olm, o primeiro ancião da IASD, no Brasil), aos pastores Wilson Sarli (ex-diretor da Casa Publicadora Brasileira) e José Silvestre (diretor de Jovens da Associação Paulistana), ao Arquivo Histórico de Itajaí. Agradeço, também, à professora e jornalista Neila Bianchin pelo acompanhamento e orientação na elaboração deste trabalho e ao professor e jornalista Dr. Nilson Lage pela copidescagem do texto original. Mas, sobretudo, agradeço ao Criador por me conceder o privilégio de lidar com assunto tão inspirador. Cresci muito com este projeto e passei a sentir ainda mais “orgulho” da fé que professo – o que espero transmitir a você, leitor.

Esta reportagem resumida e adaptada ao blog (lançada integralmente em forma de livro pela Casa Publicadora Brasileira, em 2000, com o título A Chegada do Adventismo ao Brasil) não é um apanhado de biografias. É antes a “biografia” de uma mensagem que transpõe barreiras étnicas e geográficas; atravessa o tempo e alcança pessoas de diversas idades e culturas (alcançou-me em 1989). Uma mensagem de esperança que tem o poder de transformar vidas, mudar corações. Uma mensagem que, segundo Manoel Margarido, ex-diretor de colportagem da União Sul-Brasileira da IASD, “está voando celeremente nas asas aurifulgentes da página impressa, deixando um rastro luminoso de [pessoas] esclarecidas. O seu vôo ... será ininterrupto, até que a mensagem resplandeça com grande poder em todo o mundo” (Revista Mensal, abril de 1930, p. 2).

Meu sincero desejo é que este livro possa ser uma justa homenagem aos homens e mulheres que dedicaram a vida para estabelecer a obra adventista no Brasil. Ao mesmo tempo, espero alcançar uma classe muito especial da igreja: os jovens. Que esta leitura possa inspirá-los com o exemplo dos bravos pioneiros que não mediram esforços ao lutar por aquilo em que acreditavam.

Michelson Borges
Tatuí, março de 2000


Sumário

Preservando a memória
Capítulo 1 – O Grande Desapontamento
Capítulo 2 - O avanço da mensagem
Capítulo 3 - Em terras tupiniquins
Capítulo 4 - Recebendo a mensagem
Capítulo 5 - Como folhas de outono
Capítulo 6 - Os primeiros conversos
Capítulo 7 - O dia do Senhor
Capítulo 8 - Um exemplo de fé
Capítulo 9 - Das colônias alemãs para o Brasil
Capítulo 10 - A passos largos
Epílogo - A tocha vai passando
Desenvolvimento cronológico resumido

Desenvolvimento cronológico resumido

1824 – Início da imigração alemã para o Brasil.
1884 – O pacote contendo dez revistas A Voz da Verdade, em alemão, chega a Brusque, SC.
1890 – Surgem os primeiros observadores do sábado em Gaspar Alto, SC. Guilherme Belz é o pioneiro.
1893 – Albert B. Stauffer, primeiro missionário enviado ao Brasil pela Associação Geral, chega em São Paulo.
1894 – (1) Albert Bachmeier encontra observadores do sábado em Brusque e em Gaspar Alto; (2) William H. Thurston chega ao Rio de janeiro com dois caixotes de livros, estabelecendo naquela cidade um depósito de livros.
1895 – (1) Pastor Frank H. Westphal chega ao Rio de janeiro em fevereiro. Acompanhado por Stauffer, inicia uma viagem realizando batismos em São Paulo e terminando com a cerimônia batismal de Gaspar Alto, em junho; (2) em junho, a primeira igreja adventista do Brasil é organizada em Gaspar Alto; (3) no mês de julho, os irmãos Berger chegam ao Brasil para colportar; (4) pastor Huldreich F. Graf chega ao Brasil em agosto e, em dezembro, realiza o batismo em Santa Maria do Jetibá, no Espírito Santo; (5) é criada a Missão Brasileira da IASD.
1896 – (1) Pastor Frederick Spies chega ao Brasil e batiza 19 pessoas em Teófilo Otoni, MG; (2) em julho começa a funcionar o Colégio Internacional de Curitiba, PR, a primeira escola particular adventista.
1898 – Começa a funcionar a escola paroquial de Gaspar Alto, sob a direção de Guilherme Stein Jr.
1900 – (1) Além da escola paroquial já existente em Gaspar Alto, tem início o curso superior, sob a direção do pastor John Lipke; (2) começa a ser publicada a revista O Arauto da Verdade, em português, mas ainda em tipografia secular. Guilherme Stein Jr. foi seu primeiro editor.
1903 – Em agosto, o Colégio Superior de Gaspar Alto é transferido para Taquari, RS. A escola paroquial da igreja de Gaspar Alto, entretanto, continuou funcionando.
1904 – (1) O pastor Ernesto Schwantes visita o comerciante José Lourenço Mendes, em Santo Antônio da Patrulha, RS. Surgem as igrejas de Campestre e Rolante e inicia-se a transição do adventismo das colônias alemãs para todo o Brasil; (2) pastor Lipke consegue, nos EUA, a doação de um prelo para o Brasil.
1905 – O prelo é montado no colégio de Taquari, RS. A Sociedade Internacional de Tratados no Brasil (embrião da Casa Publicadora Brasileira) inicia suas atividades gráficas.
1907 – A Casa Publicadora Brasileira (então conhecida como Tipografia Adventista de Taquari) é transferida de Taquari para São Bernardo do Campo, São Paulo.
1911 – (1) José Amador dos Reis, da Igreja de Rolante, ingressa na colportagem, passando depois à obra bíblica, na qual foi ordenado ao ministério, tornando-se o primeiro pastor adventista ordenado no Brasil (em 1920); (2) é organizada a União Brasileira, com sete campos, 68 igrejas e 1.550 membros.
1915 – É fundado o Colégio Adventista Brasileiro, em São Paulo (hoje Unasp, campus São Paulo).
1931 – No vasto Amazonas, a lancha médico-missionária Luzeiro I, pilotada pelo pastor Leo B. Halliwell, inicia grande trabalho filantrópico na região.
1943 – O programa A Voz da Profecia começa a ser irradiado através de 17 emissoras, sob a direção do pastor Roberto Rabello.